sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Diário 4

25/02 sexta-feira
De novo ônibus , agora Agra-Delhi. Estradas lentas, lotadas, com caminhões à frente com o bizarro aviso: “please horn”. Buzinas movem veículos mais do que diesel, aparentemente.
Ontem tivemos uma aula e jantar de encerramento de uma parte do grupo, pois nem todos seguirão o curso do Ganges a Varanasi. Foi uma aula muito boa sobre Índia contemporânea e uma síntese da viagem. Depois um lindo jantar degustação que, como sempre, comemos sem saber bem o que era. Talvez seja melhor assim na Índia. O que os olhos não veem o intestino não sente. Secreta esperança que acalenta uma noite auspiciosa.
O dia de ontem foi marcado pelo amanhecer no Taj. Há algo de mágico em dormir num hotel vendo o Taj Mahal ao fundo. Saímos ao amanhecer, sem café, mas a hipótese do Taj mesmerizou a todos. Filas separadas para homens e mulheres. Enfim, o portão de arenito vermelho é o ultimo obstáculo para a visão. Mais alguns metros e a massa branca majestosa aparece diante do grupo. O taj, o marmóreo monumento ao amor, a forma arquitetônica mais conhecida da Índia está ali. É um lugar que vimos milhares de vezes em fotos. É um local que visitamos antes de estar aqui. Surge uma eletricidade similar ao momento no qual vimos as pirâmides de Gizé, a grande Muralha da China ou a Torre Eiffel. Eis algo que nunca vimos, mas sempre conhecemos. Amanhece e o sol dissipa a bruma. O Taj reluz do tom opala ao branco mais nítido. É um imenso barco de mármore navegando na bruma, a “lágrima na face da eternidade” que Tagore definiu. O amor que ergueu o momumento inspira as mulheres do grupo. Muitas perguntam: meu marido faria o mesmo por mim? Duas poderosas molas do feminino se combinam: a sedução de ser amada e o medo de ser menos amada do que outra foi. Amor exigente: O Taj agora é um novo metro de comparação.
O banco de Lady Di atrai rapidamente nosso interesse. Ali, onde a princesa de Gales deixou claro o fim do sonho do seu casamento diante do monumento do amor eterno, ocorreu um pequeno incidente. Judit ficam em frente a um espelho d’água para uma foto bem localizada. Afasta-se para dar passagem a uma parte da horda turística. Por fim, o desastre: ela perde o equilíbrio e cai na água que reflete o Taj. Todos nos assustamos. Felizmente, ela não se machucou. Molhada, amparada pelo grupo, volta ao hotel. O susto passou e já conseguimos brincar com o episódio. Mais tarde, quando alguém a procura e diz onde está a Judith? outra responde “procurando Nemo”, e o grupo explode entre risadas gerais. O banco de Lady Di ganhou” uma outra companhia batizada “o espelho d’água da dra Judit”.
O forte de Agra, sede do poder Mughal, é o maior e mais elaborado de todos que vimos. Mas é guloseima rara depois do jantar: já vimos tantos fortes e tantos palácios que não existe mais tanta atenção. A torre de jasmim , local da prisão do imperador que construiu o Taj, é o ultimo suspiro possível do interesse. Novamente assédio agressivo de vendedores e a Fortaleza, o xnagri-lá do ônibus. A caminho do hotel mais uma… lojinha.
Agora, terminada a etapa de Agra, o grupo perde 6 membros e o resto aguarda as brumas místicas de Varanasi. À nossa frente o final desta viagem. Como eu disse na última aula citando um rabino: o que aprendemos é a única coisa que nunca podem tirar de nós. Estamos mais ricos, e um pouco cansados… A Índia mudou por completo nas nossas mentes.

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