Antes de partir
Todos viajamos muito. Incontáveis horas de aeroporto, de filas, de registros em hotéis. Caminhar quilômetros e sobrecarregar cartões de crédito. Fazer e desfazer malas como um trabalho de Penélope. Depois a volta: mais filas e ver o mundo acumulado esperando suas decisões. Às vezes até ocorre a cada um de nós a pergunta incômoda: valeu a pena?
Podemos viajar de muitos modos e com muitos propósitos Acumular milhas, comprar, fazer fotos, distrair o tédio. Estas coisas não são erradas em si. Mas há uma maneira que poderia ser um novo eixo. Viajar com a mente aberta para ver o novo. Deixar-se invadir por outras culturas. Conversar com pessoas que nasceram em outro continente, a milhares de milhas de distância e que, naquele precioso momento, numa conversa, cruzaram nossa existência e deixaram uma marca. Não são brancos, não são cristãos ou judeus, não pertencem ao meu mundo, não conhecem a Hebe ou o Roberto Carlos, não comeram nos restaurantes que comi e talvez não saibam o nome da minha presidente. São pessoas que não conhecem nenhuma das músicas que eu amo e cozinham de forma que pode espantar meu nariz. Porém, por uma magia única e especial, naquele momento, eu cruzei a linha de vida daquele ser humano e nós transmitimos, um ao outro, algo de novo e único.
Viajar pode ser algo realmente novo e transformador. Basta que eu não pense, a todo instante, no outro como anti-eu, como alguém que faz certo ou errado a partir do que eu conheço como certo ou errado. Porém, deixando-se invadir por outras culturas, mesmo sabendo que fui criado e amo a minha cultura e universo; viajando eu percebo mais adiante, cresço, adquiro consciência menos egoísta sobre o mundo . Deste jeito, e apenas deste, volto melhor, e não apenas com mais coisas.
Vamos a um povo que tem mais de 5 mil anos de história contínua. Visitaremos um país de um bilhão de pessoas que podem cruzar a linha da minha existência e trazer algo novo, for a do meu mundo. Um povo desafiador, simpático, agitado nas ruas: um mundo novo. Sempre fico ansioso e fascinado com as chances de aprender. Vamos juntos a esta outra dimensão da experiência humana: a Índia. Que Ganesha, o deus dos bons princípios e de bons começos, acompanhe nossa viagem. Um beijo a todas: Leandro
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